Testemunhos Bolseiros Universitários
Pedro Maluane
"Nós somos filhos de pescadores
Nós somos pescadores
Nascemos numa Ilha chamada Bazaruto
Durante a nossa infância, a única coisa que mais nos preocupava era a pesca.
Em 1996, a Mãe Carmo Jardim, visitou a Ilha do Bazaruto, sem saber que vinha mudar a...
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"Nós somos filhos de pescadores
Nós somos pescadores
Nascemos numa Ilha chamada Bazaruto
Durante a nossa infância, a única coisa que mais nos preocupava era a pesca.
Em 1996, a Mãe Carmo Jardim, visitou a Ilha do Bazaruto, sem saber que vinha mudar a vida de muitas crianças, jovens e da comunidade no geral.
Com o apoio incansável da Mãe Carmo Jardim, a Ilha do Bazaruto viu o seu primeiro Licenciado em Direito, o Dr. Pedro Maluane.
Nós os outros, estamos quase a terminar os estudos, graças a iniciativa e apoio socio económico da Mãe Carmo Jardim e da ONG SIM, Solidariedade Internacional a Moçambique.
Muito Obrigado Mãe Carmo por nos tornar o que somos hoje!
Muito Obrigado ONG SIM, Solidariedade Internacional a Moçambique pelo apoio que presta a crianças, jovens e a comunidade no geral, na Ilha do Bazaruto!
Muito obrigado por tudo"
Gerónimo Mutondo
Quem eu sou?
O meu nome é Gerónimo Fernando Mutóndo, tenho 25 anos!
Em primeiro lugar quero manifestar a minha profunda gratidão a Deus pelo dom da vida, de ter vivido tudo que tenho vivido, de ter andado onde andei.
Eu nasci na Ilha de Bazaruto,...
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Quem eu sou?
O meu nome é Gerónimo Fernando Mutóndo, tenho 25 anos!
Em primeiro lugar quero manifestar a minha profunda gratidão a Deus pelo dom da vida, de ter vivido tudo que tenho vivido, de ter andado onde andei.
Eu nasci na Ilha de Bazaruto, filho de pais pescadores, sou pescador nato. Sou de uma comunidade pouco sonhadora, uma comunidade que achava que a vida se limitava apenas ao Mar, até que num certo dia as coisas mudaram significativamente para o melhor através das boas ações levadas a cabo por uma grande mulher destinada a mudar a vida e o rumo daquela pequena comunidade de pescadores.
Lembro-me de ter concluído o meu 6º ano, na altura julgava eu ter chegado ao meu limite, sem esperança de continuar com os estudos porque sempre achei que a minha vida, assim como de outros Ilhéus, estava destinada apenas à pesca.
O ponto de viragem
Tudo mudou quando tive uma conversa com a mãe Carmo Jardim, uma mulher forte, com grande coração. Alguém que me ensinou praticamente tudo o que eu sei hoje em dia, despertou em mim muitas qualidades e habilidades que não imaginava que estavam escondidas dentro de mim, alguém que acreditou em mim mesmo quando eu tinha motivos para desistir, uma pessoa especial que chamo "Mãe" com a boca cheia de muito orgulho.
Depois dessa conversa, a minha vida teve mudanças, já tinha modelos a seguir, pessoas que haviam saído do mesmo sitio que eu já estavam quase formadas graças a ela e que mais tarde acabaram por se formar, (Pedro Maluane, Arnaldo Chivale entre outros).
Sair da minha zona de conforto para estudar no continente, confesso que não foi fácil mas, por vezes basta um segundo, uma força para dar um passo decisivo que altera o curso dos acontecimentos. A partir daquele instante, percebi que a vida não era apenas Nós e o Mar, mas sim que do outro lado do Mar, havia muitos caminhos a seguir, havia possibilidade de tornar os sonhos reais, uma oportunidade para ser uma fonte de inspiração e um espelho para as gerações futuras se espelharem e ter a ganância de seguir os mesmo passos ou fazer ainda melhor. E daí fui o mais fundo que pude e os resultados começaram a surgir. 5 anos depois estava a terminar o meu 12º ano, e mais tarde fui me formar em Hotelaria e Turismo com distinção (melhor aluno da escola e do curso), com o apoio total e absoluto da ONGD-SIM!
Após terminar os estudos, tive a oportunidade de vir a Portugal com mais três (3) Irmãos (todos bolseiros) para fazer um estágio profissional, o qual foi possível através da parceria entre ONGD-SIM e a Câmara Municipal de Cascais.
Agradecimentos.
Estou eternamente agradecido à ONGD-SIM, ao Pai António Dias da Cunha que tem se revelado um verdadeiro Pai ao longo deste percurso todo. Muito obrigado a toda a família SIM, desde os Colaboradores que dedicam seu tempo a esta causa, os Coordenadores que trabalham arduamente para este bem maior, aos Voluntários que saem dos seus lugares do conforto para ajudar os mais necessitados... Um agradecimento com gosto de filho para a Mãe Carmo Jardim, Presidente da ONGD_SIM, e para uma tia querida Cláudia Serra Campos, Vice-Presidente da ONGD SIM . Sem vocês, nada disso seria possível!! Tabonga Maningue, Muito Obrigado 💚
Arnaldo Chibale
Relatar a minha história completa e detalhada sobre tudo o que a mãe Carmo tem vindo a fazer por mim, vai ser difícil, era preciso escrever um livro de mil páginas ou mais, mas vou tentar.
Aqui neste artigo, irei cingir-me aos factos a partir do ano 1...
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Relatar a minha história completa e detalhada sobre tudo o que a mãe Carmo tem vindo a fazer por mim, vai ser difícil, era preciso escrever um livro de mil páginas ou mais, mas vou tentar.
Aqui neste artigo, irei cingir-me aos factos a partir do ano 1998, porque foi a partir deste ano que ingressei no ensino primário.
Frequentei da 1ª à 5ª classe, entre 1998 e 2002, na Escola Primária de Sitone.
Há um facto muito importante que tem que ser realçado antes de tudo, é que a mãe Carmo veio dar um novo rumo às nossas vidas a partir do momento em que começou a dar apoio escolar e a investir nos estudos das crianças da ilha.
Na ilha de Bazaruto, quando uma criança concluía a 5ª classe tinha chegado ao nível máximo escolar pois não existiam outros e os pais não têm as condições financeiras para os poderem mandar para fora da ilha, continuar os estudos, e os meus não eram excepção. Antes da presença da mãe Carmo, isto era o que acontecia sempre, uma criança podia estudar apenas até à 5ª classe e depois não tinha como continuar mais.
Eu, quando terminei a 5ª classe, não tinha mais nada para fazer porque os meus pais não tinham condições financeiras para me mandarem estudar fora da ilha (no Inhassoro), e o meu destino resumia-se a acabar por ter que ajudar a minha família indo trabalhar para a pesca ou algo que a ilha me pudesse proporcionar, mas foi comigo que o cenário começou a mudar.
Recebi sempre o apoio da mãe, desde o meu ingresso no primeiro ano até à conclusão do quinto.
Quando terminei o quinto ano, a mãe Carmo veio falar comigo, e disse-me que eu devia continuar os meus estudos fora da ilha! Não vão nunca conseguir imaginar a minha reacção e o que sentia dentro de mim, como eu fiquei quando a mãe me disse isso!
Uma coisa impossível, que nunca me tinha passado pela cabeça, ia passar a ser real, e a mãe Carmo ia começar por apostar em mim, na continuação da minha educação! Já conseguia ver outros horizontes do mundo a abrirem-se para mim.
Ficava constantemente a perguntar-me: Será que é verdade? Isto vai mesmo acontecer comigo? Vou estudar para o Inhassoro? De todos os que concluem a 5ª classe não há ninguém que vá estudar para fora, será que isso pode vir a mudar comigo? E as perguntas na minha cabeça não paravam.
Na prática, as respostas para todas as questões anteriores foram positivas, as coisas depois de mim, com o apoio da mãe, realmente começaram a mudar!
A mãe Carmo virou a página da história da ilha, e iniciou uma nova era na educação das crianças da ilha de Bazaruto, a partir de 2003. Nesse ano, saí da ilha e fui para o Inhassoro, onde de 2003 a 2004 concluí os estudos até à 7ª classe, na Escola Primária do 2º Grau de Inhassoro.
Logo depois de mim, graças ao empenho e ajuda da mãe Carmo, seguiram para o Inhassoro o Jornal, Manecas, e Pedro entre outros. Importa aqui também referir que os que vieram depois, com o apoio dos pais, na sua maioria, não conseguiam concluir a 7ª classe ou chegar sequer a fazer um semestre devido à incapacidade financeira que os pais tinham em conseguir mantê-los na escola.
De 2005 a 2007 concluí a 10ª classe na Escola Secundária de Inhassoro; de 2008 a 2009 concluí a 12ª classe na Escola Secundária de Mucoque (em Vilankulo).
Actualmente, graças à mãe Carmo, estou desde o princípio de 2014 a fazer o curso de Licenciatura em Economia Agrária, na Escola Superior de Desenvolvimento Rural (Vilankulo), uma das unidades da Universidade Eduardo Mondlane (UEM).
Como puderam notar pela minha descrição, eu fui um dos primeiros, dos pioneiros a estudar fora da ilha com o apoio da mãe, o que me deixa ainda mais orgulhoso e feliz, pois esse projecto não se resumiu só a mim e ainda hoje continua.
Para terminar, gostaria de endereçar os meus sinceros agradecimentos a todos os apoiantes da ONG SIM, sem esquecer sempre de deixar especiais agradecimentos à mãe Carmo. Dizer ainda aos apoiantes da ONG SIM que neste mundo existe uma terra com o futuro desconhecido mas que a sua acção pode deslumbrar o futuro dessa terra.
Tabonga! Khanimambo! Obrigado! Many thanks!"
Lucinda Cumbe